terça-feira, 15 de outubro de 2013

Aracaju


ARACAJU
Terezinha Alves de Oliva

Cajueiro dos papagaios, Tempo dos cajus ou Lugar dos cajueiros : divergem os estudiosos quanto à interpretação da palavra ARACAJU, nome dado pelos indígenas ao lugar onde, um dia, seria erguida a nova capital de Sergipe. O conquistador português cristianizou a denominação, consagrando “o Aracaju” a Santo Antônio. O povoado de Santo Antônio do Aracaju, desmembrado da povoação de Nossa Senhora do Socorro, foi escolhido para a execução do plano mais ousado da vida sergipana até o século XIX: a mudança da capital, da velha cidade de São Cristóvão para a praia quase deserta, região entrecortada de mangues e charcos.

A decisão do Presidente Inácio Joaquim Barbosa, consagrada pela Resolução de 17 de março de 1855, atendia aos interesses maiores da Província, de buscar meios para a exportação direta do açúcar, sem a intermediação da Bahia. Tratava-se, pois, da busca da independência econômica, situando a capital próxima a um bom porto e na região economicamente mais ativa, a da Cotinguiba.

O projeto do engenheiro Sebastião Basílio Pirro criou uma cidade onde predominou a linha reta, em quadras matematicamente desenhadas, como num tabuleiro de damas. Era a nova concepção, distante do perfil das velhas cidades que o colonialismo português nos legara. Era também o sonho da modernidade, do progresso, da novidade que a capital deveria representar.

Após o impulso das construções iniciais, Aracaju manteve-se pequena e melancólica até fins do século XIX; com a República, o papel conferido às capitais traz para ela vários melhoramentos urbanos. O movimento fabril e comercial alimenta o sonho dos sergipanos do interior que buscam fugir da pobreza e da falta de perspectivas. A cidade interpõe-se ao fluxo migratório que exaure a população do Estado castigado pela crise econômica, dando nova orientação à vida de uma comunidade que buscava alhures a rota da esperança.

Superando crises, ironizada pelo provincialismo, Aracaju ganhou nova face, a partir das últimas décadas do século XX, como resultado da exploração do petróleo e da industrialização. Hoje, abrigando quase a metade da população de Sergipe, faz uma transição decisiva para a modernidade, sem perder o traço e o jeito dos sergipanos, que se orgulham da capital sesquicentenária, progressista e aberta às novidades do mundo que se globaliza.

Diretora do Museu do Homem Sergipano –UFS
Vice-Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe
Mestre em História (UFPE) e Doutora em Geografia (UNESP/Rio Claro).

Artigo reproduzido do site: sociedadesemear.org.br
Imagem reproduzida do site: vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade

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