sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

“Manoel da Funerária” (Funerária Satélite)

Imagem para simples ilustração, postada por "Isto é SERGIPE".

Publicado originalmente no Blog Ivan Valença/Infonet, em 10/02/2017.

Em memória de Manoel Valença
Por Ivan Valença.

No dia em que o escriba comemorava 73 anos de idade, 8 de fevereiro, quis o destino levar o seu irmão mais novo, Manoel Messias Macedo Valença, vitimado por um enfarte fulminante, quando se encontrava sozinho em casa, na rua Permínio de Souza. Manoel – também conhecido como “Manoel da Funerária” – completou no último dia de Natal 65 anos de idade. Ele lutava já há algum tempo contra pertinaz moléstia que reduziram suas atividades físicas e deixaram suas pernas com uma dramática cor escura. É o primeiro filho do casal Hugo Gonçalves Valença e Dulcinea Macedo Valença, ambos já falecidos, a ir encontrá-los no espaço além.  A Funerária Satélite ele herdou do pai, já que o filho mais velho, este escriba,  aos 14 anos, tomou outro rumo, preferindo continuar a estudar e ser jornalista. Manoel, também jovem, começou a ajudar o pai na funerária porque, já naquela época, a coisa que mais gostava era dirigir carros – e na Funerária sempre aparecia algumas viagens para o interior, até m esmo para outros Estados. Mesmo na hora de nascer, Manoel já começou a dar trabalho. D. Dulcinea, minha mãe, sentiu as dores do parto por volta das 19h do dia 24 de dezembro, véspera do Natal, quando não havia ninguém em casa. A empregada já tinha ido embora e meu pai fazia plantão na funerária. Minha irmã mais nova, 4 anos na época, Eleonora, estava  dormindo. Minha mãe pediu que eu ligasse o fogão e botasse água para esquentar. Depois, com uma toalha trazia esta agua meio quente para ela. Foi o tempo de ir e voltar da cozinha, para a criança escapulir ligeirinho da barriga dela e quase ir ao chão. Só então tive tempo de chamar a vizinha, D. Caçula, que começou a tomar as primeiras providências. Já um pouco mais crescido, Manoel não quis estudar e foi trabalhar com meu pai. Fissurado em carro, aprendeu a dirigir aos dez anos de idade e a viajar ao interior do Estado aos doze anos de idade, levando cadáveres. Muito namorador, a partir dos 15 anos, ganhou o apelido de Mané Galinha, e casou-se cedo. Teve três filhos, dos quais dois, Amanda e Gustavo, do casal e um terceiro, Marcelo, com uma outra mulher. Ultimamente, encostado pelo INSS, reduziu o seu tempo de trabalho para cuidar da doença que o acometeu. Minha irmã mais jovem, a professora universitária Ana Valença, cuidava dele, embora ele fosse refratário a qualquer aconselhamento médico. Voltou a morar sozinho de um ano para cá. Como sofria também de diabetes, foi aconselhado a abandonar os doces que tanto gostava e a cerveja que adorava ingerir. As duas coisas, mais o fato de ter voltado a fumar, teriam sido fatais para o enfarte que sofreu no início da noite de quarta-feira. O sepultamento foi ontem, quinta-feira, 9 de fevereiro, no cemitério da Cruz Vermelha. Aos leitores agradeço a atenção dada a este texto.


Texto reproduzido do site: infonet.com.br/blogs/ivanvalenca

Nenhum comentário:

Postar um comentário