segunda-feira, 3 de abril de 2017

Raymundo Mello homenageia José Alberto Rodrigues Barbosa, Tidê

Tidê, ao lado do amigo Gabriel.
Foto: Gabriel de Andrade Gomes.
Postada por Isto é SERGIPE, para ilustrar artigo.


Publicado no blog Ney Vital, em 16 de agosto de 2014.


Raymundo Mello homenageia José Alberto Rodrigues Barbosa, Tidê.


José Alberto Rodrigues Barbosa, Tidê, um jovem de 67 anos que conheci em 1950 (há 64 anos). Na época eu era funcionário da firma Sobral & Cia, da qual era sócio o senhor João Barbosa dos Santos (falecido em 01/10/2012, com 103 anos bem vividos), responsável pelo setor comercial da empresa que, entre outras atividades, agenciava a companhia de transportes aéreos Transcontinental e depois Real–Aerovias. Esta parte ficava a cargo do outro sócio, senhor Manuel de Faro Sobral. Registre-se que enquanto a firma foi estabelecida no comércio, era considerada um exemplo pela união e respeito existente entre ambos os sócios.

Quando o horário do avião permitia eu almoçava em casa e como morava perto da residência do senhor Barbosa (ele na rua Maruim, eu na rua Estância), ele aproveitava que eu ia para a mesma região e fazíamos o percurso juntos (da rua São Cristóvão 79 para nossas residências), ida e volta.

Assim, conheci sua esposa e alguns de seus filhos e filhas (a partir de Roberto, José Alberto e pelo menos uma das irmãs), sempre mantivemos um bom relacionamento, inclusive com a filha mais nova e o filho mais novo que conheci quando já não trabalhava na empresa.

Acostumei-me a ver todos da família, inclusive tio e tia, chamar José Alberto de Tidê, nome que também passei a chamá-lo igualmente a todos que com ele se relacionaram em seus 67 anos de vida.

Um dia perguntei: “seu Barbosa, por que Zé Alberto é chamado Tidê?” Ele respondeu “coisa de mãe, Mello”; e eu, “coisa de mãe, como?”. E ele me disse que “quando ele começou a falar e queria alguma coisa, não sabia dizer me dê e pedia firmemente com a expressão tidê. Todos achavam graça, riam e a mãe apelidou-o de Tidê”. E com esse simpático cognome o caro e sempre jovem Zé Alberto viveu intensamente seus 67 anos.

Cito-o como jovem aos 67 anos porque ele, até então, não envelheceu, foi sempre um jovem forte, desportista de alto nível, professor e atleta de Tênis, sempre de raquete na mão. Transmitiu sua experiência como tenista (e praticante de outros esportes, inclusive Futebol de Salão) a todas as gerações que gostavam da mesma área por cerca de 50 anos e sempre com muita disposição e alegria. Quando disputou títulos venceu muita gente de nome nacional e parece-me que com cerca de 15 anos participou de campeonato nacional em dupla com o Dr. Carlos Magalhães (o conhecidíssimo homem de rádio esportivo, Magá) e, apesar de não ter ganho o título em primeiro lugar (ficou em 4.º), foi considerado o melhor tenista do certame brasileiro (taí o Magá para autenticar o que digo).

Homem de rara memória, lembrava com detalhes de fatos de sua juventude, inclusive de seu amigo Valério e todos de sua (nossa) família, hoje residentes em Salvador (BA) e, quando nos encontrávamos (ultimamente em bate papo com seus amigos ali na esquina de Santa Luzia com Campos), eu tinha que dar notícias não só do amigo Valério como de toda sua família e outros companheiros de juventude que eu nem conhecia. Recentemente a esposa de Valério, Maria Auxiliadora, sua irmã Margarida (minhas sobrinhas, igualmente suas amigas de adolescência) junto com meu filho (amigo de Tidê) e esposa, fizeram visitas a ele no hospital, enfermo e em tratamento; os dois últimos, repetindo o apoio até a véspera do seu passamento.

Tidê era um homem forte, feliz, sempre alegre e que nunca sofreu doença alguma – costumava dizer que nem gripe o pegava – com uma bela corrente no pescoço e um sorriso de quem sempre esteve bem, sentiu pela primeira vez na vida uma dorzinha, como ele dizia, e em 4 meses vimos sua vida ser consumada com uma série de problemas de saúde que surpreendeu a ele, sua família, seus amigos e seus médicos, alguns, inclusive, seus ex-alunos de tênis e que nada puderam fazer para restituir-lhe a saúde.

Deixa uma lacuna insubstituível em sua família, no seio de seus amigos e no corpo funcional da Segrase onde exercia carga de importância. Sua raquete, sua bicicleta, seus livros e seus discos, artigos que amava, também vão lamentar.

Votos de profundo pesar para sua família e a esperança de que um dia, todos nos reencontraremos e aí ele terá todas as notícias que ele sempre queria.
Descanse em Paz, Tidê!

* Raymundo Mello é Memorialista [raymundopmello@yahoo.com.br].

Texto reproduzido do blog: blogneyvital.blogspot.com.br

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