quinta-feira, 10 de agosto de 2017

“Anunciando um dia novo!”


Publicado originalmente no site do Cinform, em 20 de julho de 2017.

“Anunciando um dia novo!”

 Por Werden Tavares

De forma contraditória, pra recomeçar a coluna que finalmente chegou à internet – Sério, finalmente!  – vamos falar de um artista local. Mas não se engane. Sim, é sobre um artista daqui de Sergipe, mas que está conectado com os olhos voltados para o mundo.

A história de Alex Sant’Anna se confunde com o desenvolvimento da música sergipana e brasileira, navegando por mares onde trafegam navios do pop, do rock e da chamada MPB. Rótulos que se fazem desnecessários, como inrotuláveis são os grandes artistas.

05Alex, que é baiano, é pedra fundamental da música feita em Sergipe desde o final dos anos 90, sempre estando ligado aos movimentos culturais de Aracaju e ao que acontecia pelo país com sua banda Naurêa além da sua carreira solo.

Seus trabalhos, solo e banda, trazem algo da música que é feita pelo resto do mundo, com pesquisa e ideias novas. Suave desenho em forma e conteúdo. Não por acaso, suas músicas podem ser encontradas em várias coletâneas nacionais e internacionais como a “Sergipe’s Finest” e “What’s Happening in Pernambuco” (sim, você leu corretamente Pernambuco) feita com a curadoria de Paulo André Pires, produtor do festival “Abril Pro Rock” e de bandas como Mundo Livre S.A. e Nação Zumbi.

Nas frases de “Insônia”, seu novo EP, você irá encontrar e mesma angustia e agonia contida nas letras dos álbuns anteriores. Mas não se preocupe quando escutar, apesar desse ar de serem canções quase thomyorkeanas, ele passa muito bem e é uma pessoa feliz. Porém é um exímio observador social, como os melhores letristas que você conhece. O principal trabalho anterior é seu disco “Enquanto Espera” (2015) que foi produzido através de financiamento coletivo que contou com a contribuição de seus fãs.

Talvez seja mais por influência de outro Tom, o Zé, que faça com que as melodias de Alex sejam tão inquietas, assim como a sua vontade de inovar.

Se eu seus primeiros trabalhos Alex já desafiava a forma de compor no limite dos estilos, mesmo sem ser experimental, em “Insônia” ele se associa a 4 vozes femininas: Diane Veloso (sua companheira na vida e na arte), Anne Carol (dona de uma voz forte com cheiro de soul music que dá fôlego a “Tudo Tanto”), Nicole Donato (de voz e melodia ternas, dessas de arrepiar o corpo até provocar olhos cheios de águia em “Fudeu”) e a “mulher do Google”. Sim, na faixa “Tudo Tanto” essa voz robotizada dá sua contribuição ao disco. A banda que gravou o EP é formada por Leo Airplane (teclado), Luiz Oliva (guitarra), Rafael Ramos (baixo) e Rodrigo Antônio (bateria).

Além das 3 canções onde Alex amplia os caminhos da sonoridade presente em seu trabalho anterior, “Enquanto Espera” (2015), “Insônia” traz um clipe homônimo, dirigido por Baruch Bloomberg e editado por Lu Silva, que leva o trabalho de Santa’Anna a flertar com a música psicodélica através de uma arquitetura que vai do roteiro a execução do filme em uma dança de símbolos buscando significado colhido na emoção de quem assiste. Esse affair com a psicodelia traduz o que já nota-se na audição da canção.

Certamente os elementos psicodélicos são reflexo da maior parceria da sua vida musical de Alex: seu irmão Leo Airplane, que mais uma vez assina a produção do trabalho. No EP “Insonia” Alex mostra o que talvez seja a sua melhor estratégia enquanto artista: tocar outras pessoas com a sua arte e realizar criações humanistas incríveis.

Assim como a insônia agonia você, “Insônia” de Alex Sant’Anna provoca os ouvidos atentos. Arrepia e obriga a cantar junto.

Texto e imagem reproduzidos do site: cinform.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário