segunda-feira, 23 de abril de 2018

Que político morrerá de velho nas urnas?

Foto simplesmente ilustrativa postada pelo blog 
"Isto é SERGIPE", reproduzida do blog:
habeasmentem.wordpress.com

Texto publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 23/04/2018

Que político morrerá de velho nas urnas?

Leandro Maciel em 1974, Lourival Baptista em 1994...

Por Marcos Cardoso (blog Infonet)

Leandro Maciel em 1974, Lourival Baptista em 1994, Albano Franco em 2010, João Alves Filho em 2016... Será que outro político sergipano despencará no cadafalso da senilidade neste 2018? Agora temos Antônio Carlos Valadares e Jackson Barreto namorando com o perigo de colocar-se diante do julgamento popular quando já não contam com o vigor da juventude para se apresentarem a uma cada vez mais impaciente audiência de eleitores.

Uns dizem que política é cachaça, tamanho é o sabor. Outros dizem que política é o diabo, pelo poder que se impõe até às acertas e traições. Mas triste fim do político que não sabe a hora de parar. Um dia, todo orgulho e presunção se desfazem na derrota inevitável e na rejeição quase absoluta. Até os todo-poderosos um dia sucumbem.

O engenheiro civil Leandro Maynard Maciel foi um dos políticos mais influentes de Sergipe no século 20, capaz de dividir as paixões estaduais entre as décadas de 30 e 70. Foi o nome que melhor se identificou com a poderosa União Democrática Nacional, a UDN. Deputado federal em três mandatos, governador de 1955 a 1959, era senador em segundo mandato, em 1974, quando não soube parar e queria se perpetuar no poder.

Contava já quase 77 anos quando se submeteu ao último pleito, agora pela Arena, sendo derrotado pelo jovem médico propriaense João Gilvan Rocha, do MDB, então com 42 anos. Uma surpresa até para o regime militar naqueles tempos de campanha eleitoral restrita e vigiada e censura à Lei Falcão.

Vinte anos depois, o vexame se repetiu. Desta vez com Lourival Baptista, que em 1994 queriair para o quarto mandato senatorial seguido. Ele tinha sido deputado estadual, prefeito de São Cristóvão e deputado federal duas vezes, mas chegou ao topo da carreira quando foi governador, cargo que ocupou de 1967 a 70.

Primeiro governador sergipano indicado pelo regime militar, graças à relação de proximidade com Brasília e ao bom momento econômico vivido pelo Brasil no período, conseguiu fazer um governo operoso, realizador de obras importantes.

Lourival governou até o dia 14 de maio de 1970, quando se afastou para disputar o Senado.Ocupou a câmara alta por três mandatos, de 1971 a 1994, sendo que o segundo mandato de senador não foi conquistado nas urnas, mas por indicação. Foi um dos senadores biônicos pós Pacote de Abril de 1977, uma resposta dos militares ao resultado daquela eleição de 1974.

Em suma, Lourival foi um político relevante, o governador sergipano mais poderoso durante o regime. Mas no derradeiro pleito eleitoral que disputou, em 1994, perdeu o bonde da história para o petista José Eduardo Dutra. O velho político já contava com 79 anos, contra os 37 anos do jovem geólogo do PT.

Albano Franco sofreu a derrota definitiva em 2010, quando tentava retornar aos tapetes vermelhos do Senado, onde já havia pisado em dois mandatos anteriores. Homem bem-sucedido na política e na economia, além de deputado estadual, deputado federal, governador em dois mandatos, de 1995 a 2002, foi presidente da toda poderosa Confederação Nacional da Indústria por 14 anos sucessivos.

Albano estava às vésperas de completar 70 anos quando foi derrotado pelo jovem médico e deputado federal Eduardo Amorim, que tinha 47 anos. Sabiamente, engoliu a derrota e decidiu aposentar-se das disputas eleitorais, embora continue participando das discussões políticas.

O então prefeito de Aracaju, João Alves Filho, já contava com 75 anos quando tentou a reeleição em 2016. Era e ainda é de longe o político sergipano com mais rodagem em cargos no executivo. Ninguém governou Sergipe e nem administrou Aracaju por mais tempo do que ele.

Foi governador em três mandatos distintos (1983-87, 1991-95, 2003-07) e prefeito da capital por oito anos, a primeira vez em 1975-79, por indicação do governador José Rollemberg Leite e anuência dos generais que comandavam o país.

A segunda gestão foi a iniciada em 2013 e concluída após fragorosa derrota para o ex-prefeito Edvaldo Nogueira, então com 55 anos e que caminha para ultrapassar João como o político que governou Aracaju por mais tempo. Na primeira vez, Edvaldo governou por seis anos e nove meses. Quando concluir o atual mandato terá 10 anos e nove meses à frente da capital.

João Alves também foi ministro do Interior no governo José Sarney, permanecendo no cargo de agosto de 1987 a março de 1990. Nunca disputou um cargo legislativo, tarefa da qual incumbiu sua mulher, Maria do Carmo Alves, agora no terceiro mandato de senadora. Mas fez uma gestão desastrosa e foi compulsoriamente aposentado da política pelos eleitores aracajuanos.

Jackson Barreto, 74 anos a fazer agora em 6 de maio, acaba de deixar o governo de Sergipe sem conseguir realizar a obra que gostaria, mas demonstrando muita disposição para voltar a encarar as urnas, apesar de ter anunciado em 2014 que aquela seria sua última eleição. O ex-governador Antônio Carlos Valadares, 75 anos completados agora no dia 6 de abril, está no Senado já há mais de 23 anos, onde sempre se destacou, mas não guarda o mesmo ânimo para tentar permanecer.

Jackson e Valadares terão mesmo coragem de encarar a síndrome do velho político que desafia as urnas? É o que veremos.

Texto reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/marcoscardoso

Nenhum comentário:

Postar um comentário